Siegfried e a busca do Homem Adulto pela sua Alma
- Gustavo Bianchini
- 19 de abr. de 2018
- 3 min de leitura
Atualizado: 27 de abr. de 2018

Sigurd (Siegfrieg) toma as rédeas de seu cavalo Grani e a forma de seu irmão Gunnar e avança sobre o fogo que circunda o castelo de Brunhilde. Pois ela prometeu que aquele a quem conseguisse passar por esse fogo, poderia tê-la em casamento. A passagem é descrita através desse poema:
As chamas se atiçaram
e toda a terra tremia
e altas labaredas
aos céus se elevavam.
Poucos lá se arriscaram ,
dos guerreiros das legiões,
cavalgar pelo fogo
Ou saltar sobre ele.
Sigurd guiou
Grani, com a espada,
a chama extinguiu-se
diante do rei.
O fogo esvaiu-se
ao ávido por glória;
refulgiam os arreios
que Regin possuíra.
A imagem descreve a cena em que Siegfried (Sigurd) encontra Brunhilde em seu castelo. Pensando na jornada psicológica que todos os homens fazem durante a sua vida, essa cena representa o contato do homem adulto com a sua adormecida Anima, sua alma.
Jung na Psicologia Analítica propôs que a meia idade e a vida adulta são momentos de grandes mudanças na vida do sujeito, pois são momentos em que muitas coisas já estão construídas, como a carreira profissional, a busca por estabelecer uma família, um carro para se deslocar. É o momento que a pessoa já alcançou seus objetivos da juventude, já está estabelecida na vida e não precisa mais tanto se dedicar à jornada no mundo externo. Em contra partida, esse é o momento que a realidade interior humana precisa ser visitada, aonde a jornada precisará ser empregada, assim como Sigurd o faz.
Durante boa parte da história, Sigurd mata dragões, vence batalhas e desafios, acaba com reis e se torna rei. Mas é chegado momento em que ele precisa se casar, esse casamento representa o momento em que o homem que passou a vida se preocupando com o mundo, precisa passar a se preocupar mais consigo mesmo, reconhecer a sua alma.
Essa “Alma” que Jung propõem normalmente aparece aos homens como o seu sexo oposto, como uma mulher. Estudos mais recentes na área apresentam que essa teoria criada por Jung precisa ser revista, pois a Anima pode se apresentar das mais diversas formas, como um carro por exemplo. Homens que são apaixonados pelos seus carros, dão até nomes femininos, quem nunca viu? “A belezinha”, “Minha nave”.
Nós homens, somos seres eternamente em busca de nossa Alma, devido à isso nos apaixonamos, vivemos aventuras, desbravamos territórios desconhecidos e somos consumidos pelos mais diversos humores. Tudo em busca de uma coisa: Nós mesmos.
Esse momento de encontro com a Anima que é representado pela imagem é curioso pelo fato da mesma estar dormindo, assim como muitas vezes a Alma assim o está no homem. Precisamos tanto mostrar ao mundo como somos fortes, bravos e destemidos. Disputamos vagas de emprego, lutamos por currículos bons e por um salário melhor.
A todo momento precisamos estar correndo atrás de algo, e nesse processo, esquecemos de nós mesmos. A principal parte de nossa personalidade é esquecida, e adormece. Com ela adormece o cuidado, o carinho, muitas vezes a gentileza e a amabilidade.
Então, para todo homem que lê esse texto, pense se já não está na hora de começar a reconhecer sua própria Brunhilde adormecida, reconhecer sua própria Alma. E o maior detalhe está sob o poema do começo: A jornada é uma ponte com chamas ardentes. É uma jornada tortuosa que envolve o queimar de muita coisa na personalidade, envolve muita transformação e dedicação em se tornar uma pessoa melhor.
Um grande erro é achar que essa Anima (Alma) deve ser buscada a todo instante, a todo momento, racionalizar sentimentos, relacionamentos, teorizar tudo que vê pela frente como. Precisamos aceitar o nosso caminho! Sigurd somente a encontra depois de já ter percorrido várias jornadas e irá enfrentar muitas mais ao seu lado.
Reconhecer a nossa alma durante a vida adulta é essencial para o enfrentamento de desafios maiores que os da juventude. Ela não está para nos atrapalhar, mas para nos dar muito mais força em nossa jornada, afinal de contas, como pode alguém viver sem a sua Alma? Já pensou?
Bom despertar,
Com carinho, Gustavo.
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